Homenagem ao meu avô - A formiguinha e a neve

Olá pessoas! Este é um post de saudades...

Essa semana, dia 06/02 teria sido aniversário do meu avô, falecido há 20 anos. Uma das lembranças mais fortes que tenho dele são as histórias que ele contava e que adorávamos ouvir.

 Sim, peguei o banquinho e me enfiei na foto mesmo! Que negócio é esse de querer tirar foto sem mim?

#metidademais

De todas as histórias que ele contava - ele até encarnava um personagem, o "velho da lua" - a que a gente mais pedia era essa (vou fazer o possível pra contar do jeitinho que ele contava):

A Formiguinha e a Neve

Certa manhã de inverno uma formiguinha saiu para seu trabalho diário. Já ia muito longe a procura de alimento, quando de repente um floco de neve caiu e prendeu seu pezinho. Vendo que não podia se livrar da neve, voltou-se para o sol e disse:

  –  Ó sol, tu que és tão forte, derrete a neve que tranca o meu pezinho.

E o sol lá nas alturas falou:

  –  Mais forte do que eu é o muro que me esconde.

Olhando então para o muro a formiguinha pediu:

  –  Muro tu que és tão forte que esconde o sol, destranca o meu pezinho?

E o muro respondeu apenas:

  –  Mais forte do que eu é o rato que me rói.

Voltando-se então para o ratinho que passava apressado, a formiguinha suplicou:

  –  Rato, tu que és tão forte, que rói o muro que esconde o sol, destranca o meu pezinho?

Mas o rato que também ia fugindo do frio gritou de longe:

  –  Mais forte do que eu é o gato que me come!

Já cansada a formiguinha pediu ao gato:

  –  Gato, tu que és tão forte, que comes o rato, que rói o muro que esconde o sol, destranca o meu pezinho?

E o gato disse:

  –  Mais forte do que eu é cão que me morde...

Aflita e chorosa a pobre formiguinha pediu ao cão:

  –  Cão tu que és tão forte que mordes o gato que come o rato, que rói o muro que esconde o sol, destranca o meu pezinho?

E o cão respondeu:

  –  Mais forte do que eu é o homem que me bate.

Já quase sem força, sentindo o coração gelado de frio a formiguinha implorou ao homem:

  –  Homem, tu que és tão forte que bates no cão que morde o gato que come o rato que rói o muro que esconde o sol, destranca o meu pezinho?

E o homem sempre preocupado com o seu trabalho respondeu:

  –  Mais forte do que eu é a morte que me mata.

Trêmula de medo, olhando para a morte que se aproximava a pobre formiguinha suplicou:

  –  Ó morte, tu que és tão forte que matas o homem que bate no cão que morde o gato que come o rato que rói o muro que esconde o sol, destranca o meu pezinho?

E a morte respondeu:

  –  Mais forte do que eu é Deus que me governa

Quase morrendo, então a formiguinha rezou baixinho...

  –  Meu Deus, Tu que és tão forte, que governas a morte que mata o homem que bate no cão que morde o gato que come o rato que rói o muro que esconde o sol, destranca o meu pezinho?

E então, Deus que ouve todas as preces sorriu, estendeu a mão por cima das montanhas e ordenou que viesse a primavera. No mesmo instante o sol começou a brilhar com força, derretendo a neve que prendia a formiguinha e enchendo de flores os campos e de luz os caminhos.